Apego

Jogava fora a metade dos guardados e a outra metade guardava novamente.Essa arrumação era interminável.
Por que não conseguia desfazer-se de alguém que a magoava tanto? Talvez conservava ainda o gosto delicioso de quando acreditava de olhos fechados .Parece prisão sem porta,cadeado largado em cima da mesa,mas o medo de libertar-se era tão real.Dóia como a agonia precedente ao ato insano.Marcas,cicatrizes,zelos do passado que insistem em ficar.Permacer seria então para ela uma espécie de limite indevido,ou ausência dele.Estabeleceu-se naquele relacionamento uma comunhão carnal que não dava-lhe mais prazer.Uma insinuante coragem aproxima-se de quando em vez dela.Feito estranha madrasta com o remédio amargo.Não queria tomar,mas precisava.Qual seria a dosagem? Homeopaticamente não resolveria.Teria que ser de uma só tacada.

Comments

Manoel Carlos said…
Quando a insatisfação supera a satisfação, não resta outro caminho...
Manoel Carlos
. fina flor . said…
que lindo!

indentificação total!

beijos, flor e bom fim de semana

MM.

>>> da próxima vez joguemos todas as metades fora
Renato Baptista said…
Oi Lia...

Estamos apresentando uma Mostra Especial de Poeminis – “Encontros e Desencontros” a partir de imagens dos trabalhos da artista plástica Betty Martins.
Convidamos você, especialmente, para que conheça nossa obra no blog: http://poeminiseimagens.blogspot.com
Sua presença será uma honra para nós!

Beatriz Prestes e Renato Baptista
Tal Veneno said…
NOSSA, amei!
Bastante realista
rs

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