Súplicas
Ela orava fervorosamente todas as manhãs naquela mesma capela.O povo da cidade até conhecia os seus passos.Não houve um só dia de calor.Alguma tempestade ou vento forte que a privasse do ritual.Foram tantas temporadas de fervor.Lágrimas implorando por um milagre.Somente um milagre a poderia salvar de todo o seu martírio.Maria da Capela alguns a chamavam pelas ruas das cidade.E ela com o olhar sempre perdido e um leve sorriso nem se importava.Cumpria sua penitência .Como quem busca o inatingível.E o tempo imperou.E naquela manhã de outono .Aquela fiel mulher não aparecera.Burburinhos surgiram.Onde estaria a Maria da capela? Já aproximava-se o cair da tarde. E meia dúzia de curiosos encaminharam-se para a sua casa.O que de tão grave a impediu a sagrada visita matinal?O que teria feito Maria nessa manhã outonal?E ao chegar na ladeira que dava para sua casa.Uma intensa fumaça foi sentida e avistada.E a casa onde Maria morava estava completamente carbonizada.E em um dos cômodos ao lado de centenas de velas.Maria da Capela estava abraçada a uma criança com um par de muletas ao seu lado.
Comments
Um conto muito bem feito, triste, mas na vida tudo pode acontecer
É a tristeza e a falta de amor que sucumbe as pessoas.
Beijos
Lua Singular
o ser humano só transcende,quando é no outro que vive nele o nós.
Então o ser humano livra-se do seu casulo escuro e pegajoso e pode voar, exatamente como acontece na transmutação da lagarta em uma borboleta.
E podendo transcender voa, deixando lá embaixo apenas e tão somente,destroços carbonizados.
Mas , afinal, está a salvo em planos muito mais confortáveis do que, aqueles nos quais vivem eternamente, algumas pessoas em seus mundos egocêntricos.
Transcender não dói.
Um abração carioca.
Cadinho RoCo